[AUTORAL] – Hipótese do marcador somático

Qual é a relação, se há alguma, entre as nossas emoções e o nosso comportamento moral? É isso que entenderemos melhor neste post.

António Damásio é um médico e neurologista que se interessa sobre a relação entre danos em determinadas áreas cerebrais e o comportamento humano. Ou seja, como esses danos estão correlacionados a um comportamento ou à falta de um comportamento.

Em seu livro O erro de Descartes, o neurologista expõe o caso clássico de Phineas Gage (ocorreu em 1848). Gage teve o seu córtex pré-frontal ventromedial (que é a área do cérebro de vocês que fica atrás da testa) perfurado por uma viga de metal, no momento em que ele trabalhava na construção de uma ferrovia. Incrivelmente, Gage sobreviveu.

O que é ainda mais incrível é que o seu comportamento moral foi, para sempre, alterado. Gage não era mais Gage. Um homem outrora cortês, tornou-se rude, falava coisas abjetas, era incapaz de cumprir eficazmente os seus deveres e chegar no horário combinado em seus empregos.

Agora que entra a parte mais interessante do post, então coloque novamente os seus recursos atencionais aqui. Acontece que, se um cérebro sofrer um considerável dano em seu córtex pré-frontal ventromedial, a capacidade emocional do indivíduo estará comprometida. Foi exatamente isso que aconteceu com Gage, e é o que acontece com pessoas que sofrem danos ou nascem com a parte ventromedial do córtex pré-frontal comprometida.

Levando isso em consideração, a emoção tem, portanto, um papel importantíssimo no processo de decisão social. Caso contrário, o comportamento social de Gage e dos pacientes que Damásio expõe em seu livro manteria-se inalterado. Apesar de conseguirem utilizar normalmente aquilo que consagrou-se como “razão”, ela, sozinha, não conseguiu regular o comportamento social desses indivíduos.

A hipótese do marcador somático, em resumo, é a de que as nossas emoções integram o nosso raciocínio, em vez de apenas o atrapalhar, como  supõe-se (“não deixe que as suas emoções o atrapalhe”).

Por fim, pode-se dizer que há uma forte ligação entre a razão e as nossas emoções, de modo que, caso um desses dois polos deixasse de funcionar apropriadamente, aconteceria o mesmo com o comportamento social do indivíduo.

REFERÊNCIAS

Damásio, António. O erro de Descartes. 3ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Texto escrito por: Silva, I.
Lattes do autor: https://lattes.cnpq.br/4005176584329851

[AUTORAL] – O perigo da desindividualização política ou religiosa

Por que nos dividimos em grupos, e tratamos, na maioria das vezes, os indivíduos que não são do nosso grupo como uma possível ameaça? Por que o Brasil vive, em especial nestas eleições, diante do alarmante conflito grupal entre aqueles que simpatizam com o PT e aqueles que simpatizam com
Bolsonaro?

Segundo o filósofo e neurocientista Joshua Greene, que, atualmente, integra o corpo docente de Harvard, a moralidade foi bem-sucedida ao “resolver” o problema do indivíduo dentro do seu próprio grupo, mas falhou em resolver a tensão existente entre grupos. Por que ela não resolveria o conflito tribal? Porque uma cooperação universal não se encaixa com os princípios da teoria da evolução. Essa teoria é baseada, grosso modo, na ideia de que há competição, seja através de estratégias cooperativas ou agressivas, entre os indivíduos (dependendo da perspectiva, até mesmo entre os genes), sendo os
mais aptos aqueles que conseguem, principalmente, reproduzir e que sobrevivem diante dos desafios colocados pelo ambiente (indivíduos que, por sorte, carregam os genes certos no momento certo). Os genes desses indivíduos dão características únicas a eles e os condicionam a poder sobreviver em determinados ambientes.[1] Lembremos que a revolução industrial aconteceu “agora” e que a agricultura é um processo que se originou há meros 12 mil anos. Nesse sentido, no ambiente em que os ancestrais dos indivíduos da nossa espécie viviam, os recursos eram escassos, portanto, as nossas características herdadas quase que totalmente são aquelas que foram selecionadas no ambiente em que viviam esses ancestrais, que, por ventura, eram caçadores-coletores.

O contexto em que se deu a seleção das características dos indivíduos da nossa espécie impediu a moralidade de se “universalizar”. Um indivíduo que divide a sua maçã com todos os organismos que encontra adota uma estratégia que, ao longo do tempo, o levará à morte, uma vez que ele, ao longo da vida, terá que lidar com organismos grupistas que não dividem a maçã com quem não é do seu grupo.

Tal ambiente de pressão seletiva foi o que, a nível grupal, nos deu uma psicologia que atualmente nos insere em conflitos intergrupais. Isso se dá porque colocar dentro do grupo alguém que não tem os mesmos valores morais que nós ameaçará a coesão grupal. É diante dessa problemática que surge o tribalismo, “o frequente favorecimento de membros do grupo em detrimento daqueles que não fazem parte do mesmo grupo”.[2]

Tome como exemplo os times de futebol: aqui, a mera diferença entre as camisas das pessoas significa que elas são companheiras ou adversárias. Você se lembra do dia 02/10 (primeiro turno das eleições de 2022)? Continuando no ambiente de futebol, ninguém negaria que há uma disputa entre as torcidas rivais que as leva a fazer o que estiver ao seu alcance para favorecer o time. Essas disputas ocorrem porque as pessoas têm um viés psicológico que as orienta a cair no atual precipício do divisionismo, que, por sua vez, incide em uma perspectiva de mundo que falsamente dicotomiza a realidade entre o bem (nós) e  o mal (eles). Esses indivíduos podem até matar os membros de outras torcidas unicamente porque eles
não fazem parte do mesmo grupo.

Contraintuitivamente, essa tendência de querermos pertencer a um grupo, juntamente com a vontade de querermos aumentar o próprio status em relação aos outros membros dentro do grupo, nos leva a solapar os nossos próprios valores morais. Isso porque, de outra forma, em uma situação normal, na qual não estivéssemos rodeados pelo nosso grupo, ao vermos uma pessoa com a camisa de outro time, geralmente não sofremos a influência da pressão grupal ao ponto em que chegaríamos aquilo que a psicologia chama de “desindividualização” e “efeito do observador”, os quais podem, em determinadas situações, fazer com que indivíduos se agridam.[3]

É possível inferir que, em diversos contextos ao longo da história filogenética de nossa espécie, o tribalismo pôde contribuir ajudando aos caçadores-coletores a sobreviver. Entretanto, nas sociedades democráticas, ele aparenta colocar um desafio que, por enquanto, não parecemos estar à altura de enfrentar. Reiterando, ele possibilita a obliteração de mecanismos psicológicos que, em ocasiões de ação individual, funcionariam normalmente. [4]

Umas das lições disso tudo é a seguinte: tomem cuidado acerca de como se comportam e sobre o que dizem quando estão rodeados por seus pares, seja virtualmente ou presencialmente. Em um contexto de democracia liberal, o “outro” pode estar ao seu lado, isso é, ser o seu pai, ou a sua mãe, ou o seu
vizinho, e, em seus íntimos, serem pessoas tão boas quanto você que, no final das contas, foram desindividualizadas devido aos últimos tempos em que se escalonou o conflito entre os diferentes grupos. Nós não somos criaturas politicamente racionais, mas sim emocionais. Saber disso pode nos livrar de parte de nossos preconceitos e fazer com que trabalhemos em direção contrária às nossas tendências psicológicas que jogaram as democracias liberais no atual quadro.

REFERÊNCIAS:
[1] Greene, Joshua. Tribos morais. Rio de Janeiro: Record, 2018, p. 33.
[2] Greene, Joshua. Tribos morais, p. 77.
[3] Burnett, Dean. O cérebro que não sabia de nada. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010, p. 221.
[4] Burnett, Dean. O cérebro que não sabia de nada, p. 218.

Texto escrito por: Silva, I.
Lattes do autor: https://lattes.cnpq.br/4005176584329851

[AUTORAL] – Psicologia Evolutiva e Beleza: você vê aquilo que a sua consciência quer que você veja

O debate sobre o que é, afinal, o Belo, perdura há pelo menos 2500 anos. Porém, não é a partir desse extenso debate que a psicologia evolutiva nos entrega novos insights, é a partir do pano de fundo oferecido pela teoria da evolução, que foi apresentada por Chales Darwin em 1859.

No senso comum, ainda mais a partir dos movimentos hippies da década de 1960, instaurou-se uma visão de que a beleza é relativa, o que significa que cada indivíduo poderia classificar, ao seu bel prazer, aquilo que considera como sendo algo belo. Essa visão está um tanto quanto correta. Mas como assim, a beleza é relativa? Sim e não. Na verdade, ela não está no outro organismo, na outra pessoa, mas sim na mente do indivíduo que a enxerga. Por exemplo, por mais bonito que você ache o quadro da Mona Lisa, o seu cachorro não está nem aí para ele. Provavelmente, se o seu cachorro fosse filhote, caso você desse o quadro para ele admirar a beleza da Mona Lisa, ele o trucidaria usando-o como fonte de distração.

Indo do raso para fundo da psicologia humana, ignorando o que os hippies e o seu cachorro têm a dizer,  a fim de dar conta desse conceito complexo, poderíamos dizer que a beleza é, na verdade, uma percepção de medida de sucesso reprodutivo em oferta, tal qual a recompensa por comer uma maçã ou se relacionar sexualmente com outro indivíduo. Mas o que quero dizer com isso? Imagine um mundo em que tudo que você vê reporta a pontos de aptidão (medida de sucesso reprodutivo). Em um mundo como esse, a beleza desempenharia o importante papel  que é nos informar os pontos de aptidão dos potenciais parceiros sexuais. Ela não nos informa uma realidade objetiva que é bela, em vez disso, ela nos informa acerca dos pontos de aptidão dos outros organismos.  “Antroprologizando” e “biologizando” a questão, nua e cruamente ela é um artifício que se desenvolveu ao longo dos milhares de anos de sobrevivência e reprodução dos nossos ancestrais porque conseguia nos orientar, com certo grau de assertividade, acerca dos pontos de aptidão dos machos e fêmeas que apareciam no ambiente.

A experiência da beleza foi tão enraizada na nossa psicologia que se tornou uma experiência inconsciente. (Tal experiência que pode ser vista funcionando a todo vapor em crianças de dois anos de idade!). As etapas funcionais da beleza foram descritas genialmente pelo psicólogo evolutivo Donald D. Hoffman: “toda vez que você encontra uma pessoa, os seus sentidos automaticamente inspecionam dezenas, talvez centenas de pistas, todas em uma fração de segundos. Essas pistas, meticulosamente selecionadas ao longo da nossa história evolutiva, te informam sobre uma coisa: potencial reprodutivo. Isso é, essa pessoa poderia ter, e criar, proles saudáveis”?

O que Hoffman quer dizer com isso é o seguinte: a beleza é o resultado de inferências inconscientes dentro daquele que a enxerga; inferências essas que foram moduladas para enxergar os pontos de aptidão de bons parceiros sexuais em potencial.

Para finalizar, “geneticizando” a questão, tudo isso se trata de replicabilidade genética. Os genes que conferiam as melhores pistas acerca dos pontos de aptidão aos seus organismos, assim como os faziam enxergar as melhores pistas nos outros, foram os que mais se replicaram. E aqui estamos nós: uma espécie que enxerga “objetivamente” a beleza, mas que, no entanto, é completamente enganada sobre a veracidade daquilo que vê. Resumindo tudo, a beleza, tal como nossas mãos e pernas, é dependente do organismo. Ela não é objetiva no sentido empregado pelo senso comum, nem relativa no sentido empregado pelos movimentos hippies da década de 1960. De fato, a sua mente e o outro organismo informam o belo, mas o belo que eles evoluíram para informar e enxergar. Ou seja, a beleza não é relativa e nem objetiva, ela é um fenômeno complexo que merece o seu devido tratamento especial.

Claro, um debate tão complexo como esse não pode ser resolvido nem por um décimo aqui no meu texto. Porém, pode ser discutido.

Referências:

Hoffman, Donald D. The case against reality: how evolution hid the truth from our eyes. Great Britain: Penguin Books, 2020.

Texto escrito por: Silva, I.
Lattes do autor: https://lattes.cnpq.br/4005176584329851

“A stable sense of self is rooted in the lungs, heart and gut” by Alessandro Monti [Psyche]

“Um senso estável de identidade está enraizado nos pulmões, coração e intestino

Alessandro Monti
Alessandro Monti é pesquisador do Laboratório de Neurociência Social e Cognitiva da Universidade de Roma. Seu trabalho foca no papel dos sinais fisiológicos viscerais para a autoconsciência corporal. Ele mora em Roma.

6 DE DEZEMBRO DE 2021

https://psyche.co/ideas/a-stable-sense-of-self-is-rooted-in-the-lungs-heart-and-gut

(…)

Considere como, agora, você poderia estar em um lugar, com um senso de humor ou em uma situação muito diferente de 20 segundos ou 20 anos atrás, mas ainda assim sente que, em um sentido fundamental, é a mesma pessoa. Isso ocorre em parte porque, como William James colocou em The Principles of Psychology (1890), você está ciente de que “o mesmo velho corpo” está sempre com você, exalando calor e intimidade. Com exceção dos sonhos e dos estados alterados da mente, todas as experiências conscientes acarretam esse sentimento sutil, mas penetrante, de autoconsciência corporal. Mas de onde vem isso? A sensação não pode derivar meramente da aparência externa do corpo, porque você poderia gastar muito tempo e dinheiro para mudar sua aparência sem se sentir como uma pessoa diferente (não importa o quanto cabeleireiros e designers tentem convencê-lo do contrário). Em vez disso, a base corporal de seu eu estável deve brotar de uma fonte mais estável. E uma vez que o corpo é sentido não apenas de fora, mas também de dentro, seus órgãos internos podem ser uma dessas fontes.

Na verdade, uma característica notável dos órgãos viscerais é o fato de que eles passam por ciclos fisiológicos constantes e previsíveis. Batimentos cardíacos, respirações e contrações intestinais se repetem com regularidade, mantendo o corpo aquecido e alimentado – um equilíbrio fisiológico conhecido como homeostase. Além disso, cada um desses ciclos envolve nervos periféricos – especialmente o nervo vago – enviando sinais químicos e elétricos ao sistema nervoso central. Como resultado, a atividade de regiões específicas do sistema nervoso central sincroniza-se com as flutuações cardíacas, respiratórias e gástricas. Embora as impressões sensoriais provenientes do ambiente externo variem de momento a momento e desapareçam, esse acoplamento entre o cérebro e as vísceras é uma característica permanente de sua fisiologia. Você pode fechar os olhos, tapar os ouvidos, tapar o nariz ou selar a boca, mas não pode se isolar das entranhas. Tudo muda ao seu redor, mas seus órgãos internos estão sempre lá, sempre transmitindo sinais para o cérebro, sempre tocando seu baixo completo na grande música da vida. O lado interno do corpo é o único objeto sobre o qual você não pode parar de receber informações, o único objeto que você sempre sente do início ao fim de seus dias. Assim, os órgãos internos são os principais candidatos como base para construir e manter seu senso de identidade ao longo do tempo.

(…)

Os resultados são encorajadores. Quando o trato gastrointestinal estava mais ativo, conforme indicado por pressão mais alta, temperatura mais alta, aumento da secreção de ácido no estômago ou um ambiente mais básico no intestino grosso, os participantes tinham uma percepção mais nítida de seu eu corporal. Quando o trato gastrointestinal estava menos ativo, suas sensações de autoconsciência corporal eram decididamente mais confusas. Uma possível explicação é que órgãos e tecidos viscerais mais ativos desencadeiam uma resposta mais forte do vago e de outros nervos periféricos que transmitem sinais do corpo para o cérebro. Isso, por sua vez, poderia aumentar a atividade de áreas corticais alvo que codificam um “mapa” ou representação interna do corpo, aumentando a chance de que tal mapa emerja na consciência. Estudos adicionais explorando explicitamente a atividade dessas regiões corticais nos fornecerão uma imagem mais clara. No entanto, as evidências acumuladas até agora já mostram que estar ciente do próprio corpo é, literalmente, um “gut feeling”.

(…)

Havia uma lacuna tecnológica a ser preenchida, e as pílulas inteligentes forneceram uma resposta brilhante para isso. No entanto, o verdadeiro progresso científico depende da mudança dos quadros de referência, não apenas das ferramentas de investigação. Uma limitação importante da psicologia e neurociência contemporâneas é que os estudiosos substituíram o antigo dualismo cartesiano – mente versus corpo – por um novo dualismo: cérebro versus corpo. A nova dicotomia é ainda mais crua do que a anterior, e certamente não menos rígida. Os experimentadores recusaram-se a tomar nota do que quer que acontecesse ao sul do pescoço porque a imagem científica do dia rejeitou o que as eras anteriores haviam observado cuidadosamente – a sabedoria do coração, o poder de respirar e a inteligência do intestino. Agora, graças a uma onda de novas descobertas de pesquisa, com mais por vir, sabemos que essas intuições podem ser totalmente reconciliadas com uma visão científica do self. Sua consciência realmente tem raízes profundas e ricas em seus sentimentos corporais. É hora de recuperar a profundidade total do seu ‘eu’, para deixá-lo florescer por toda a parte.” [Google Tradutor]

“A neurocognitive model of ideological thinking” – Leor Zmigrod [Politics and the Life Sciences]

“A neurocognitive model of ideological thinking” – Leor Zmigrod

Politics and the Life Sciences

Published online by Cambridge University Press: 02 August 2021

Leor Zmigrod

https://www.cambridge.org/core/journals/politics-and-the-life-sciences/article/neurocognitive-model-of-ideological-thinking/38CBDADC3414FA5783AE2730FAF36ACD

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Leor Zmigrod – Um modelo neurocognitivo de pensamento ideológico

Publicado online pela Cambridge University Press: 02 de agosto de 2021

Leor Zmigrod

Resumo

O comportamento ideológico tem sido tradicionalmente visto como um produto de forças sociais. No entanto, uma ciência emergente sugere que as visões de mundo ideológicas também podem ser entendidas em termos de princípios neurais e cognitivos. O artigo propõe um modelo neurocognitivo de pensamento ideológico, argumentando que as visões de mundo ideológicas podem ser manifestações dos sistemas perceptuais e cognitivos dos indivíduos. Este modelo faz duas afirmações. Em primeiro lugar, existem antecedentes neurocognitivos para o pensamento ideológico: as disposições neurocognitivas de baixo nível do cérebro influenciam sua receptividade às doutrinas ideológicas. Em segundo lugar, existem consequências neurocognitivas para o engajamento ideológico: forte exposição e adesão a doutrinas ideológicas podem moldar sistemas perceptuais e cognitivos. Este artigo detalha o modelo neurocognitivo do pensamento ideológico e sintetiza as evidências empíricas que sustentam suas afirmações. O modelo postula que existem processos bidirecionais entre o cérebro e o ambiente ideológico e, portanto, pode abordar os papéis dos fatores situacionais e motivacionais na ação motivada ideologicamente. Este esforço destaca que uma abordagem neurocognitiva interdisciplinar para ideologias pode facilitar relatos biologicamente informados do cérebro ideológico e, assim, revelar quem é mais suscetível a ideologias extremistas e autoritárias. Ao investigar as relações entre os processos perceptivos de baixo nível e as atitudes ideológicas de alto nível, podemos desenvolver uma compreensão melhor de nossa história coletiva, bem como dos mecanismos que podem estruturar nosso futuro político.

(…)

… é pertinente usar as ferramentas da ciência moderna para perguntar: Existe uma relação entre as visões de mundo ideológicas e os mecanismos fundamentais de pensamento e raciocínio? E, em caso afirmativo, quão profundamente o efeito das ideologias penetra em nossos processos cognitivos?

A proposta detalhada aqui argumenta que há uma relação subjacente entre ideologias de alto nível e percepção e cognição de baixo nível que pode ser mais profunda e complexa do que Arendt imaginou. A proposta postula que as ideologias privadas dos indivíduos são manifestações de suas tendências perceptivas e cognitivas, influenciadas por experiências crônicas e temporárias. Além disso, sugere que o forte envolvimento com ideologias vigorosas pode, subsequentemente, moldar o funcionamento perceptivo e cognitivo. É importante ressaltar que a percepção e a cognição aqui são operacionalizadas em termos da literatura neuropsicológica – isto é, em termos da maneira como os cérebros processam e avaliam os estímulos. É, portanto, uma estrutura fundamentalmente neurocognitiva de ideologias, explorando como nossa compreensão do cérebro pode iluminar questões como: como as ideologias são internalizadas pelas mentes dos adeptos? Que fatores aumentam ou diminuem a suscetibilidade de um indivíduo ao pensamento ideológico? O forte envolvimento com uma ideologia molda o funcionamento cognitivo e neural do indivíduo?

(…)

O modelo neurocognitivo faz duas afirmações essenciais. Primeiro, ele argumenta que existem antecedentes neurocognitivos para o pensamento ideológico: as disposições neurocognitivas do cérebro moldam sua receptividade às doutrinas ideológicas. Em segundo lugar, pode haver consequências neurocognitivas para o engajamento ideológico: a exposição e a adesão a doutrinas ideológicas podem moldar os sistemas perceptuais e cognitivos.

(…)

Isso estende as afirmações feitas por filósofos políticos como Arendt a um novo território: as ideologias podem ter um impacto profundo nas mentes dos adeptos ao moldar seu funcionamento neural e cognitivo.

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Em contraste com os relatos situacionais e motivacionais, o modelo neurocognitivo argumenta que as visões de mundo ideológicas refletem tendências cognitivas e perceptivas e, por sua vez, as ideologias podem influenciar os processos neurocognitivos de baixo nível (Figura 2C). Portanto, considera o pensamento ideológico como negociado neurocognitivamente, ao invés do produto de situações autoritárias ou necessidades psicológicas. No entanto, o modelo neurocognitivo ainda abre espaço para o efeito de situações e motivações. Situações que provocam estresse ou forte pressão social podem amplificar processos neurocognitivos (por exemplo, Lupien et al., 2007; Schoofs et al., 2008) que orientam os indivíduos – em diferentes graus – a se comportar de maneiras ideológicas. Por exemplo, uma situação estressante pode prejudicar a flexibilidade cognitiva e a função executiva (Alexander et al., 2007; Plessow et al., 2011; Schoofs et al., 2008) e, assim, produzir um comportamento ideologicamente rígido e tornar o indivíduo receptivo à propaganda.

(…)

O modelo neurocognitivo também pode informar o trabalho sobre a herdabilidade genética de crenças ideológicas (Hatemi et al., 2013; Hatemi et al., 2014; Israel et al., 2015) postulando mecanismos específicos através dos quais variações genéticas contribuem para diferenças neurocognitivas e, portanto, atitudes ideológicas. Portanto, é capaz de postular teorias mecanicistas sobre como os processos biológicos moldam as visões de mundo ideológicas. Além disso, os modelos situacionais e motivacionais assumem efeitos unilaterais: o modelo situacional vê as situações como se impondo ao indivíduo (Figura 2A), e o modelo motivacional vê as necessidades do indivíduo como um estímulo à expressão do pensamento ideológico (Figura 2B). Em contraste, o modelo neurocognitivo postula explicitamente que há processos bidirecionais entre o ambiente ideológico e o cérebro (Figura 2C).

(…)

Suporte empírico para o modelo neurocognitivo

As evidências dos antecedentes neurocognitivos e das consequências das ideologias podem ser encontradas nos campos florescentes da neurociência política e da psicologia social experimental. Um trabalho recente revelou que os processos de tomada de decisão cognitivos e perceptivos ideologicamente neutros estão relacionados a convicções e crenças ideológicas de nível superior (Rollwage et al., 2018; Rollwage et al., 2019; Zmigrod et al., 2018; Zmigrod, Rentfrow, & Robbins 2019; Zmigrod, Rentfrow, Zmigrod, & Robbins 2019; Zmigrod, Zmigrod, Rentfrow, & Robbins 2019; Zmigrod, 2020b). Três traços cognitivos que recentemente mostraram conferir suscetibilidade ao pensamento ideológico são particularmente notáveis: (1) inflexibilidade cognitiva, (2) consciência metacognitiva prejudicada e (3) processamento de acumulação de evidência perceptual mais lento.

(…)

A rigidez com que os indivíduos percebem e processam os estímulos geralmente estava ligada à rigidez de suas crenças ideológicas. Consequentemente, essas descobertas demonstram que as disposições nas tendências implícitas de processamento de informações podem estar ligadas a visões de mundo ideológicas explícitas de alto nível.

Em segundo lugar, pesquisas cognitivas recentes ilustraram uma relação entre metacognição prejudicada – a consciência de nossos processos cognitivos – e dogmatismo ideológico tanto na esquerda quanto na direita (Rollwage et al., 2018). Aqui, também, os pesquisadores empregaram paradigmas neuropsicológicos e modelos computacionais para revelar diferenças entre indivíduos que eram ideologicamente moderados versus extremos. Indivíduos que eram ideologicamente extremos foram caracterizados por metacognição prejudicada, sugerindo que a capacidade dos indivíduos de estar cientes e regular seu funcionamento cognitivo pode conferir suscetibilidade a ideologias internalizantes. Há um suporte empírico crescente para a ideia de que a resistência às evidências na esfera sociopolítica pode, portanto, emergir de um comprometimento neurocognitivo em processos metacognitivos (Fischer et al., 2019; Heyes et al., 2020; Kleitman et al., 2019; Morris et al., 2019; Morris et al., 2019; al., 2019; Rollwage et al., 2019; Sinclair et al., 2019).

(…)

De fato, pesquisas da ciência cognitiva da religião (Barrett, 2000; Bering, 2006; Norenzayan & Shariff, 2008; Sosis & Alcorta, 2003) ilustraram as consequências neurocognitivas do engajamento ideológico. A religião é um candidato ideológico útil devido à intensidade de seus rituais e à variabilidade nas práticas religiosas. Esta linha de trabalho demonstrou que a adesão repetitiva às práticas religiosas parece moldar a percepção visual, a neurofisiologia e as políticas cognitivas de metacontrole. Por exemplo, a percepção visual hierárquica de ateus mostrou ser diferente da dos neocalvinistas (Colzato et al., 2008; Colzato, van Beest, et al., 2010), católicos romanos italianos (Colzato, van Beest, 2010) , Judeus ortodoxos (Colzato, van Beest, 2010a) e budistas zen taiwaneses (Colzato, Hommel, et al, 2010).

(…)

Além disso, os neurocientistas postularam que a religião pode servir como um antídoto neural para a ansiedade e a incerteza (Inzlicht et al., 2011). Correspondentemente, foi demonstrado que invocar conceitos religiosos pode alterar o monitoramento neurofisiológico de erros de participantes religiosos. Especificamente, entre os crentes religiosos, contemplar pensamentos religiosos (como o amor de Deus) pode diminuir a negatividade relacionada ao erro, um sinal neural que emerge do córtex cingulado anterior que está implicado no monitoramento do desempenho e na resposta afetiva aos erros (Good et al., 2015) Além disso, maior zelo religioso – uma forma fanática de crença – foi associado a menor negatividade relacionada ao erro ao completar uma tarefa de Stroop perceptual (Inzlicht et al., 2009), corroborando a ideia de que a religião pode atuar como um paliativo para reduzir a ansiedade por causa de suas propriedades epistêmicas gerais e de criação de significado (Inzlicht et al., 2011). É importante qualificar esses resultados e abordar a bidirecionalidade potencial desses efeitos; a exposição religiosa pode moldar a neurocognição dos indivíduos e, ao mesmo tempo, as predisposições neurocognitivas podem influenciar o tipo e o nível de zelo com que os indivíduos aderem à ideologia religiosa. Consequentemente, embora a religião ofereça um valioso caso de teste para o impacto das ideologias no cérebro, os processos de auto-seleção ideológica também devem ser considerados.

(…)

Um modelo neurocognitivo de pensamentos e ações motivados ideologicamente, portanto, tem o poder de ilustrar que as posições ideológicas têm bases neurobiológicas e sintetizar a gama de pesquisas neurocientíficas e cognitivas recentes sob teorias e hipóteses testáveis (Alford et al., 2005; Batrićević & Littvay, 2017; Fowler et al., 2008; Hatemi & McDermott, 2012a, 2012b; Ksiazkiewicz & Krueger, 2017; Leong et al., 2020; Nam et al., 2017; Zmigrod & Tsakiris, 2021). O modelo é sensível às relações causais, ciente das ligações bidirecionais entre ambientes e processos mentais, e capaz de dar uma linguagem de mediação (Ksiazkiewicz et al., 2016; Oskarsson et al., 2015) e mecanismos moderadores para a pesquisa complexa sobre a genética das orientações ideológicas (por exemplo, Dawes & Weinschenk, 2020; Hatemi et al., 2014; Twito & Knafo-Noam, 2020). De que forma os genes que moldam a cognição e a percepção têm efeitos a jusante no comportamento ideológico? Os genes que codificam a reatividade ambiental tornam um indivíduo particularmente suscetível a movimentos ideológicos convincentes? Romper a hereditariedade da ideologia política – e avaliar outros aspectos da ideologia, como dogmatismo, extremismo e hostilidade interpessoal – permitirá uma biologia da ideologia mais informativa. Notavelmente, pesquisas no campo da biopolítica ilustraram que atribuir processos ideológicos à biologia pode ajudar a promover a tolerância política (Baker & Haas, 2020; no entanto, ver Suhay et al., 2017); conduzir essa ciência pode, portanto, ter repercussões positivas no mundo mais amplo.

A pesquisa de ponta na intersecção das ciências políticas e biológicas está agora nos permitindo fazer novas perguntas. Quais fatores neurobiológicos determinam a receptividade ou resistência de um indivíduo aos sistemas ideológicos? Quais são as vantagens e perigos neurocognitivos de um forte engajamento com ideologias? E quando é que a missão da ideologia importa? Essas questões socialmente pertinentes têm o poder de aumentar nossa compreensão tanto da política quanto do cérebro, e de elucidar a natureza do “cérebro ideológico”. Uma abordagem neurocognitiva das ideologias, portanto, nos permitirá explorar paradoxos atemporais, bem como as origens das questões sociais contemporâneas – abrindo caminho para uma compreensão informada e informativa dos papéis da biologia e da experiência na formação das crenças ideológicas privadas dos cidadãos.” [Google Tradutor]

“É um disparate as pessoas convencerem-se de que a inteligência vem do cérebro” – António Damásio [Diário de Notícias]

“É um disparate as pessoas convencerem-se de que a inteligência vem do cérebro”

Vinte e seis anos após O Erro de Descartes, António Damásio tem um novo livro, em que nega a frase do evangelho “no início foi o verbo”. Sobre a pandemia, alerta: “O grande problema da velocidade a que se pode criar uma vacina é ter a garantia de que não se transformará num problema ainda maior.”

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/05-dez-2020/e-um-disparate-as-pessoas-convencerem-se-de-que-a-inteligencia-vem-do-cerebro-13104356.html

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Sentir & Saber – A Caminho da Consciência
António Damásio
Editora Temas e Debates
292 páginas

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“Aliás, é mais fácil escrever muito do que pouco, porque o trabalho de redução é extremamente difícil”, acrescenta, rematando com a experiência de um colega que dizia:”Não tenho tempo para escrever tão curto.”

(…)

Se lhe perguntar qual é o legado de um trabalho de décadas, este livro é a resposta?

Existem vários aspetos no meu trabalho: o científico e o de pensamento, portanto dizer que este livro é o legado seria um exagero. É, muito especificamente, uma maneira de tratar assuntos que me apaixonam – problemas científicos e filosóficos – e uma tentativa de os expor sob uma forma mais clara. Por boa sorte, enquanto fui construindo o livro também tive a oportunidade de descobrir que algumas das soluções que tenho apresentado para certos problemas são, de facto, soluções novas e sob certos aspetos – digo eu e vários dos meus colegas – muito convincentes. Então, posso dizer que é ao mesmo tempo uma tentativa de pôr a claro e de uma forma mais direta temas importantes do meu trabalho e deixar claro que existem questões em bom caminho de serem resolvidas. Muito especificamente, no que respeita à consciência e aos sentimentos.

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Aliás, com o tremendo sucesso do que hoje se chama a neurociência, a preocupação dominante tem sido o cérebro, propriamente dito. Questiono se o cérebro é capaz de resolver todos os problemas que existem em torno do que é a mente humana. Para perceber o que é a mente, necessita-se de entender o que se passa com o cérebro, mas, muito antes disso, compreender o que se passa com o corpo, vivo e inteligente. Diria que esta é a resposta completa à pergunta.

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Pode parecer paradoxal, porque quando se pensa na inteligência artificial o que vem à ideia é que são criaturas absolutamente invulneráveis, feitas de aço e de plástico em vez da nossa pobre carne humana. À primeira vista pode parecer uma asneira introduzir vulnerabilidade numa coisa que é robusta, no entanto, só a introduzindo teremos a possibilidade de fazer qualquer coisa de mais rico em matéria das reações que esse “organismo” poderá tomar.

(…)

O que quero é mostrar, tanto quanto for possível, que as respostas que hoje estamos a dar podem ser diferentes mas o mesmo não se passa com as perguntas. Desde que temos mentes conscientes – uma mente consciente é a que tem sentimentos e se estes não existirem, provavelmente, não haveria consciência -, é importante termos a ideia de como o corpo está a funcionar e essa é a porta de entrada para as grandes perguntas humanas, aquelas que são as de sempre e desde que uma pessoa se lembra de que a vida tinha uma problemática extremamente complexa. Mas só desde que existem sistemas nervosos é que foi possível transformar essa problemática em consciente. É um quase paradoxo que, ao pensarmos no tempo da vida humana no planeta, apenas no último quarto desses quatro biliões de anos se deu a entrada dentro do sistema nervoso e que só nos últimos 200 milhões de anos é que, quando muito, há qualquer coisa que venha a parecer-se com aquilo que é o nosso sistema nervoso. A conclusão é que grande parte do tempo dos seres vivos sobre o nosso planeta tem sido vivida de uma forma inconsciente.

O que quer dizer?

Que havia vida complexa e evolução, mas ninguém sabia que existia. É espantoso pensar que isto só começou a ser conhecido no momento em que começámos a ter consciência do que estava a acontecer no nosso corpo e com a nossa vida. Depois, à medida que os sistemas nervosos evoluíram, conseguiu-se ter um conhecimento através da observação e das ciências do que é a vida em seres vivos como nós. É uma história muito complexa, mas uma vez que chegámos à idade da consciência e da razão, foi possível fazer as perguntas e as pessoas puderam olhar umas para as outras, olhar para a história delas próprias, e então fazer essas interrogações e questionar o sentido da existência.

Alerta para o facto de uma teoria que ignore o sistema nervoso para justificar a mente e a consciência estar condenada ao fracasso, mas, diz, uma teoria que dependa exclusivamente do sistema nervoso está também condenada a falhar. Enquanto cientista, como é viver num equilíbrio investigatório?

Sem dúvida que essa é uma das ideias principais deste livro – como já era no anterior,
A Estranha Ordem das Coisas -, a de que a vida começa antes do cérebro. Neste momento é muito comum que estejamos constantemente a ser bombardeados com novos factos e ideias sobre o cérebro, daí que as pessoas acabem por se convencer de que aquilo que é a sua inteligência vem do cérebro. Isso é um disparate e é completamente errado dizer que a inteligência vem do cérebro. A nossa inteligência é complementada pelo cérebro! Porque a nossa inteligência começou há biliões de anos com a própria vida e tem vindo a desenvolver-se com processos que antecedem o aparecimento dos sistemas nervosos. Em inglês, tenho no livro uma frase que é assim: “Brains are an after thought of nature”, traduzindo: “Os cérebros são o último pensamento da natureza.” O que quer dizer que a natureza pode funcionar perfeitamente sem cérebros, contudo o que os cérebros lhe trouxeram foi um melhor funcionamento. Portanto, a razão por que temos cérebros – e mente e consciência e raciocínio – é porque nos ajuda a viver melhor. Ajuda a vida e permite a vida com a grande complexidade como é a dos seres humanos. Não esquecer que, antes de existir essa grande complexidade, já havia vida, inteligência e funcionamento.

Daí que dê como título ao primeiro capítulo “No início não foi o verbo”, contrariando a abertura do Evangelho de João?

Claro, só podia ser assim. A frase clássica é bíblica e tem que ver com a maneira como os seres humanos de há alguns milhares de anos descrevem a sua própria situação. Evidentemente, eles confrontavam-se com a sua realidade e a palavra, como forma de descrever fenómenos diversos, era o modo principal. Hoje, sabemos que temos milhões de anos de evolução, que começaram e mantiveram-se com a inteligência – mas não havia nem cérebro, nem mente, nem capacidade verbal; portanto, é muito importante afirmar que no início não foi o verbo. Trata-se de uma leitura perfeitamente aceitável, mas devemos entendê-la como uma leitura parcial, que é a sua realidade.

(…)

Choca o leitor, e vamos à página 3, quando compara o ser humano aos seres unicelulares ; que nos diferenciamos por ter uma inteligência baseada no raciocínio e na criatividade mas somos iguais no aspeto de uma competência não explícita como acontece com as bactérias. Somos assim tão iguais?

Somos iguais e não somos. Nessa característica somos, mas depois existem todas as outras que vieram juntar-se a essa e que nos dão uma capacidade extraordinária. Não podemos fazer a comparação entre o ser humano e uma bactéria, pois um tem inteligência, capacidade de criação e uma autonomia completamente diferentes, mas ao mesmo tempo devemos reconhecer que a humilde bactéria tem vida, tem de a regular e confronta-se com o problema de se alimentar, de se defender do excesso de frio ou de calor… Uma vez que há vida, existe uma complexidade e uma novidade extraordinárias e é isso que se encontra na bactéria e em nós. Não é que os seres humanos devam ficar ofendidos por serem comparados a uma bactéria, é um pouco ao contrário, pois devemos reconhecer que aquilo que a bactéria tem é um aspeto fundamental para o que nós somos e deve ser respeitada se não quisermos que dê cabo de nós. Seria bom que pudéssemos fazer isso com os vírus, o que não é neste momento de todo possível como se vê com a pandemia com que nos confrontamos.”

“Is free will an illusion?” By Uri Maoz [Big Think; John Templeton Foundation]

“Is free will an illusion?

Philosophers have been asking the question for hundreds of years. Now neuroscientists are joining the quest to find out.

DR. URI MAOZ
Dr. Uri Maoz is an assistant professor of computational neuroscience at Crean College of Health and Behavioral Sciences at Chapman University. His research lies at the intersection of volition, decision-making, and moral choice. Dr. Maoz also directs Neurophilosophy of Free Will, an international project comprising 17 neuroscientists and philosophers, who aim to understand how the brain enables conscious control of human decisions and actions.

02 December, 2020

The debate over whether or not humans have free will is centuries old and ongoing. While studies have confirmed that our brains perform many tasks without conscious effort, there remains the question of how much we control and when it matters.
According to Dr. Uri Maoz, it comes down to what your definition of free will is and to learning more about how we make decisions versus when it is ok for our brain to subconsciously control our actions and movements.
“If we understand the interplay between conscious and unconscious,” says Maoz, “it might help us realize what we can control and what we can’t.”

“In “Livewired,” neuroscientist David Eagleman shows how the brain shapes itself by interacting with the outside world” By Elizabeth Svoboda [Undark]

Book Review: The Remarkable Adaptability of the Human Brain

In “Livewired,” neuroscientist David Eagleman shows how the brain shapes itself by interacting with the outside world

BY ELIZABETH SVOBODA
10.09.2020

https://undark.org/2020/10/09/book-review-livewired/

(…)

Stanford neuroscientist David Eagleman is obsessed with probing the outer limits of this kind of neural transformation — and harnessing it to useful ends. We’ve all heard that our brains are more plastic than we think, that they can adapt ingeniously to changed conditions, but in “Livewired: The Inside Story of the Ever-Changing Brain,” Eagleman tackles this topic with fresh élan and rigor. He shows not just how we can direct our own neural remodeling on a cellular level, but how such remodeling — a process he calls “livewiring” — alters the core of who we are.

(…)

In a refreshing counterpoint to the biology-is-destiny drumbeat, Eagleman embarks on a lively tour of how we can transform our brains by exercising our own agency. The neurons we exercise thrive and make new connections, he says, while the unused ones wither away. It’s essentially Darwin’s survival of the fittest playing out inside the human skull. “Just like neighboring nations, neurons stake out their territories and chronically defend them,” Eagleman writes. “Each neuron and each connection between neurons fights for resources.”

(…)

Importantly, Eagleman also addresses the limits of neural remodeling — a discussion that lends surprising insight into our polarized political landscape. We experience a pronounced drop in brain plasticity as we age, which is one reason some older people seem mired in world views that may not align with today’s global realities. “Through years of border disputes, neural maps become increasingly solidified,” Eagleman writes, later adding, “Someday, your brain will be that time-ossified snapshot that frustrates the next generation.”

“Neuropolítica: los secretos detrás del debate político entre Donald Trump y Joe Biden” By Andrés Fredericksen

“Neuropolítica: los secretos detrás del debate político entre Donald Trump y Joe Biden

Los candidatos utilizaron diversas estrategias para llamar la atención del espectador y votante saliendo de los esquemas y patrones de lo que el cerebro espera encontrar en un evento de estas características. Muchas de estos factores de persuasión emocional funcionan de forma inconsciente como el storytelling o el miedo.

Por: Andrés Fredericksen
Twitter: @fredericksen_a
DEA del programa de doctorado en Ciencias Políticas y Sociología por la U. Pontificia de Salamanca, España
Máster en neurociencias cognitivas aplicadas a la empresa por la U. Rey Juan Carlos de Madrid, España.

https://www.icndiario.com/2020/10/neuropolitica-los-secretos-detras-del-debate-politico-entre-donald-trump-y-joe-biden/

Las investigaciones en neurociencias cognitivas y su aplicación a la política, neuropolítica argumentan que la mayor parte de nuestras decisiones son más emocionales que racionales. Estos descubrimientos hacen que las estrategias comunicativas se replanteen entre los líderes políticos, ya que develan la importancia de las emociones en el proceso de toma de decisiones electorales, al tiempo de comprender que estructuras mentales y emocionales están involucradas en la persuasión para lograr el voto.

El neurocientifico Antonio Damasio argumenta que las emociones son responsables de nuestra toma de decisiones, ya que son capaces de alterar nuestro estado de atención y afectan nuestra conducta, condicionan los recuerdos y las experiencias generando una serie de influencias innatas – muchas veces inconsciente- en los individuos que afectan a la forma de expresarse y de tomar decisiones.

(…)

“Los americanos votan en relación a sus marcos mentales y que los republicanos han tenido éxito electoral ya que han enlazado su discurso al sistema de conceptos y valores de la sociedad Americana, y han logrado utilizar un lenguaje eficaz que penetre en las emociones del electorado y que se alinee a sus marcos mentales”, expresa George Lakoff profesor de ciencia cognitiva y lingüística de la Universidad de California, Berkeley, en su libro “The Political Mind”.

(…)

Joe Biden llegó a llamar al actual presidente de Estados Unidos de “payaso” para llamar la atención del espectador, al tiempo de decirle “racista”, concepto recurrente entre los detractores de Trump, especialmente después del asesinato de un hombre negro George Floyd a manos de la policía y por los ataques contra la inmigración mexicana y centroamericana para atraer votos en la frontera.

A su vez Donald Trump sacó a relucir el consumo de cocaína de del hijo de Joe Biden agudizando la tensión en el debate.

(…)

Una palabra negativa o insultante activa la amígdala, estructura del cerebro vinculada a las alertas. En el debate muchas veces predominó el caos, expresiones ofensivas y los golpes bajos, se centró en contarnos pequeñas historias, como lo haría de igual forma una serie, “culebrón” o una película.

Desde la neuropolítica se argumenta que al cerebro le gusta escuchar historias, ya que hacen emocionar, al tiempo de provocar cambios químicos en el cerebro. El storytelling es el arte de contar historias que impacten a la audiencia y al elector, se busca generar emociones que revivan momentos del pasado, ya sea propio o de una nación o pueblo, impulsando una conexión e identificación con el elector.

Fondazione Prada presenta “Human Brains”

“Fondazione Prada presenta “Human Brains”

https://www.tecnomedicina.it/fondazione-prada-presenta-human-brains/

Fondazione Prada ha intrapreso dal 2018 un percorso multidisciplinare di approfondimento e studio di tematiche scientifiche. Da queste riflessioni nasce “Human Brains”, un programma di mostre, convegni, incontri pubblici e attività editoriali previsto tra novembre 2020 e novembre 2022. Il progetto è il risultato di una complessa ricerca sviluppata in collaborazione con un comitato scientifico, presieduto da Giancarlo Comi e costituito da ricercatori, medici, psicologi, linguisti, filosofi, divulgatori e curatori come Jubin Abutalebi, Massimo Cacciari, Alessandro Del Maschio, Viviana Kasam, Udo Kittelmann, Andrea Moro e Daniela Perani.

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Human Brains

http://www.fondazioneprada.org/project/human-brains/?lang=en

(…)

The first two discussions will see neuroscientist Mavi Sanchez-Vives and neurobiologist Jean-Pierre Changeux, moderated by neurologist Giancarlo Comi, and neurobiologist Eve Marder with neuroscientist Antonio Damasio, moderated by neurologist and neuroscientist Daniela Perani. They will explore the biological fundaments of conscience, from the neurofunctional mechanisms to neurochemical and molecular basis, and they will carry on in-depth analysis of connectivity as a cerebral substrate of conscience state and the revolutionary techniques that allow investigating the brain in vivo.

Two discussions between neurolinguist Andrea Moro and cognitive psychologist Stanislas Dehaene will be moderated by cognitive neurologist Jubin Abutalebi, while the anthropologist Ian Tattersall and neuroscientist Idan Segev will be moderated by neuroscientist Katrin Amunts. They will examine the concept of consciousness in relation to anthropology, the key role of language and its connection to the emotional and affective sphere to then reflect on the future evolution of research and on the attempts to create thinking machines.

Psychiatrist and neuroscientist Giulio Tonoli and philosopher Michele Di Francesco will hold the final discussion, moderated by scientific journalist Vivian Kasam; it will be a crucial moment to confront different perspectives and approaches to the complex question of conscience. Moreover, Giancarlo Comi and Massimo Cacciari will reflect on the contributions of all the previous discussions.”

“Non-partisan brains differ from those of partisans | Non-partisans are real, and their lack of partisanship has a cognitive element” [Big Think]

“Non-partisan brains differ from those of partisans

Non-partisans are real, and their lack of partisanship has a cognitive element.

21 August, 2020

https://bigthink.com/mind-brain/non-partisan-brain

A new study suggests that the brains of non-partisans function differently than those of partisans.
Blood flow to regions associated with problem solving differed between the two groups.
The findings may lead to further research in how differences in brain activity affect personality.
Despite the repeated claims of those without party affiliations, the belief that non-partisans don’t actually exist is widespread. Proponents of this stance argue that those who claim to be non-partisans are merely partisans who don’t want to be outed.

A new study offers a strong counterpoint to these commentators; it suggests that the brains of non-partisans function differently than the brains of partisans.

Some people just really don’t want to join political clubs. Go figure.

The study, published in The Journal of Elections, Public Opinion and Parties as “Neural Nonpartisans,” looked at blood flow in the brains of partisans and non-partisans as they played a betting game. The test subjects, all of which were from San Diego County, had their brains scanned as they decided between options with guaranteed payoffs or ones with the chance to lose or gain money. The results were later compared to their voter registrations to confirm their partisanship or lack thereof.

The brain scans demonstrated that blood flow to the right medial temporal pole, orbitofrontal/medial prefrontal cortex, and right ventrolateral prefrontal cortex differs between partisans and non-partisans as they made decisions in the previously mentioned game. These regions are associated with socially relevant memory, decision making, and goal-related responses. Previous studies have also shown them to be essential for social connections.

This demonstrates that the brains of non-partisans approach non-political problems differently than the brains of partisans. Future studies may go further, and see if other brain functions differ between the two groups.

The study is not without limitations; there were a mere 110 test subjects overall. However, given the general lack of research on non-partisans, the study is still an excellent starting point for further research.

What does this mean for politics?

Lead author Dr. Darren Schreiber laid out his interpretation of the data and offered takeaways:

“There is skepticism about the existence of non-partisan voters, that they are just people who don’t want to state their preferences. But we have shown their brain activity is different, even aside from politics. We think this has important implications for political campaigning – non-partisans need to be considered a third voter group. In the USA 40 percent of people are thought to be non-partisan voters. Previous research shows negative campaigning deters them from voting. This exploratory study suggests US politicians need to treat swing voters differently, and positive campaigning may be important in winning their support. While heated rhetoric may appeal to a party’s base, it can drive non-partisans away from politics all together.”

He references a variety of studies on the effects of negative campaigning. It is widely agreed that it drives down turnout.

A variety of studies suggest that differences in political opinion relate to the differences in the brain. While these studies can’t tell us how to solve our various political problems, they can offer us ways to help bridge the gap. People who don’t leap at the opportunity to join political clubs must be interreacted with differently than those who do to encourage their involvement. While this may come as a shock to seasoned political junkies, it may also come with benefits to our political discourse.”

“Neuroscience has much to learn from Hume’s philosophy of emotions” By Richard C. Shais [Psyche]

“Neuroscience has much to learn from Hume’s philosophy of emotions

https://psyche.co/ideas/neuroscience-has-much-to-learn-from-humes-philosophy-of-emotions

Richard C. Shais professor of literature and an affiliate professor of philosophy, as well as an affiliate of the Center for Behavioral Neuroscience, all at the American University in Washington, DC. His books include Perverse Romanticism: Aesthetics and Sexuality in Britain, 1750-1830 (2009) and Imagination and Science in Romanticism (2018).

We are in the midst of a second Humean revolution. In his Treatise of Human Nature (1739-40), the Scottish philosopher David Hume argued that: ‘Reason is, and ought only to be the slave of the passions …’ By ‘passions’, Hume meant what we now call emotions. What gave him such faith in the passions that he could accept reason’s enslavement to them? Hume understood reason to be incapable of producing any action, and the passions to be the source of our motivations. So he insisted that we must attend to the passions if we want to understand how anything gets done. Much recent neuroscience has found that human rationality is weaker than is commonly presumed, and the emotions make it possible to make decisions by granting certain objects salience. Why does this second Humean revolution matter and what, if anything, can the second revolution learn from the first?

By and large, scientists until recently avoided the emotions as too subjective, too imprecisely defined. Yet once Darwinian evolution and neuroscience supported the link of emotion to action, emotions began to gain more attention from scientists. In his book The Strange Order of Things (2018), Antonio Damasio, one of the most influential neuroscientists today, defines the affects and emotions as ‘action programmes’, and by this he connects emotions to homeostasis, the process by which we keep ourselves alive. How better to grant the emotions scientific weight than to make them the key to human survival? Neuroscience also supports a growing recognition of the connections between the brain’s perceptual and motor systems; this has led scholars such as Francisco Varela, Evan Thompson, Andy Clark and Shaun Gallagher – ‘enactivists’ who argue that human thought is not brainbound but stems from connections between the mind and body and its environment – to conclude, to varying degrees, that human perceptions are for the purpose of action. Sometimes, however, I just want to look at something, not reduce it to a tool.

(…)

Habits consolidate what control we can have of our passions. Hume gives habit pride of place in his moral accounting, but the key here is to continually assess whether we have the right habits, not to passively accept existing habits. ‘Nothing can be more laudable,’ he writes, ‘than to have a value for ourselves, where we really have qualities that are valuable.’ In other words, he asks for empirical evidence of value, not just for our feeling of it. Habits, after all, make it possible to contain violent passions such as anger. Hume insists that ‘when a passion has once become a settled principle of action, and is the predominant inclination of the soul, it commonly produces no longer any sensible agitation’. In this view, habit reduces passion’s agitations, making them manageable.

Hume’s idea that reason serves the passions has in important ways found scientific support. Our rationality serves our passions, and we have less control over the passions than is commonly presumed. By stipulating that reason is the slave of the passions, Hume warns us of the consequences of not having the right habits. When neuroscientists equate emotion and action, it narrows emotion to survival and underestimates the ways in which the emotions can foster deliberation. While neuroscientists set the timescale of the emotions to no more than a few minutes, Hume insists that it will take nothing less than a lifetime to get our emotions right.”

“A Neuroscientist’s Theory of Everything | Karl Friston takes us on a safari of his free-energy principle” [Nautilus]

“A Neuroscientist’s Theory of Everything

Karl Friston takes us on a safari of his free-energy principle.

By Brian Gallagher

June 10, 2020

http://nautil.us/issue/86/energy/a-neuroscientists-theory-of-everything

(…)

In “The Free-Energy Principle,” you write the world is uncertain and full of surprises. Action and human perception, you argue, are all about minimizing surprise. Why is it important that things—including us—minimize surprise?

If we minimize surprise now, then on average over time, we’re minimizing the average surprise, which is the average entropy. If a thermostat could have beliefs about what its world is—it might say, “My world is living at 22 degrees centigrade”—so any sensory information from its thermal receptors that departs from that is surprising. It will then act on the world to try and minimize that surprise and bring that prediction error back to zero. Your body’s homeostasis is doing exactly the same thing.

Does the brain minimize surprise in order to conserve energy?

You could certainly say that. But I wouldn’t quite put it like that. It’s not that the brain has a goal to exist. It just exists. It looks as if it has a goal to exist. What does existing mean? It’s always found in that configuration. The brain has to sample the world in a way that it knows what’s going to happen next. If it didn’t, you’d be full of surprises and you’d die.

(…)

The Markov blanket helps explain how things can exist—but what is it, exactly?

The Markov blanket is a permeable interface between the inside and the outside, a two-way exchange. Stuff on the outside—the environment, the universe, the heat bath—impacts what’s going on on the inside via the sensory part of the Markov blanket. The Markov blanket has sensory and active states. Stuff on the outside, the external states, influence the blanket’s sensory states, what the blanket senses. And stuff on the inside of the blanket, the internal states, influence the blanket’s active states. The active states close that circle of causality, or, if you like, they disclose what’s going on on the inside by acting on the outside state. With that mathematical construct in place, you can go a lot further than 20th-century physics, which was all about equilibrium statistics and thermodynamics, the kind of physics that you would have been taught in school. Implicit in that is the notion that you’ve got an isolated or a closed system. That implicitly assumed the Markov blanket.

(…)

How do Markov blankets help make sense of our inner life?

I have to be clear that I’m speaking as a physicist would, because I’m not a philosopher. That said, there is a representationalist interpretation of the internal states of something with a Markov blanket. You could say that all that matters in terms of sentience, perception, and active inference, is just on the inside. It’s our neuronal activity, say, the internal states that are negotiating dependent upon and influencing the blanket states that comprise our sensory states, our sensory receptors—our sensorium if you like—and ways of changing that sensorium through acting. Like my eyes palpating, sampling the world to get new sensory information. That would mean that it is never going to be the case that you’re going to be able to transparently sample—or know—what is out there, generating those sensory blanket states. You could actually adopt an anti-realist position about external reality. You will never know the difference.

(…)

This brings you back to this notion that anything you talk about is really just an explanation for your lived world. It’s the simplest explanation for all of these sensations that I’m getting, in all the modalities that I possess. And it doesn’t have to be true or false. As long as it’s a good-enough explanation that keeps your surprise down and self-evidence nice and high—that’s all it’s required to do. Selfhood in itself now becomes just another explanation. Anything that a philosopher says also succumbs to exactly the same argument, including qualia. These are now reifications of the best explanation for my understanding of my sensory data and my internal view in this inner life. The highest form of consciousness is the philosopher’s brain.

(…)

Is the self an illusion?

Well, say you’re a feral child who’s never seen another mammal. There would be no need to have a notion of self. You and the universe would just be one thing. But as soon as you start to notice other things that look like you, a question has to be resolved, “Did you do that or did I do that?” Now you need to have, as part of your generative model, the hypothesis of fantasy, the illusion—which may be absolutely right—that there are other things like me out there, and I need to resolve that. I think the theory of mind on the necessity of encultured brains provides a simple answer as to why we have self. But to come back to your question, I think, yes, selfhood is another really plausible hypothesis for my generative model that provides the best explanation for your sensory exchanges.”

“How Neuroscience Helps Us to Understand Human Nature” By Antonio Damasio [Brain World Magazine]

“How Neuroscience Helps Us to Understand Human Nature

April 14, 2020

Antonio Damasio

https://brainworldmagazine.com/neuroscience-helps-us-understand-human-nature

[This article was originally a lecture given at the Fourth International Brain Education Conference held at the United Nations. It has been edited for length.]

The area that I come from is that of neurology and neuroscience. My work is about trying to understand how the brain works. My hope is that some of the neuroscience that is taking place right now will help those of you who teach, and those of you who want to make each individual and the world as a whole better than they are today.

(…)

What has only been happening quite recently is that neuroscience can have a role in our culture. Neuroscience also talks about the fields of economics, moral behavior, politics, aesthetics, and education.

(…)

Most of what we know now from neuroscience that has an impact on society and culture actually comes from understanding human emotions, decision-making, and processes of consciousness.

(…)

Why such an interest in neuroscience now? Well, Largely for two reasons. One, there is a revolution going on in biology and two, there is an enormous rise in cognitive neuroscience.

The revolution in biology goes all the way back to 150 years ago and what has been learned since the days of Darwin. We now have a very clear idea of the structure of DNA. DNA is a fundamental element in the transmission of traits through genes. We know about the genetic code. We even know how it operates through molecular genetics and we have a fairly good idea of how the human genome is organized.

At the same time we have something very interesting happening in neuroscience: a hybrid of psychology and of large-scale systems neuroscience. New disciplines with funny names like experimental neuroanatomy, neurophysiology, neuropsychology, and last but not least, human neuroimaging, which has allowed us to have a clear view of the human brain in living individuals.

(…)

Living a life that has reduced stress and a great amount of happiness and harmony is also related. This is not just my desire to whistle in the dark and tell myself that because I’m active and I’m reasonably happy, I’m not going to have Alzheimer’s disease. Stress is inevitable if you live in a large urban center and have to cope with the reality of life. When you are under stress, you’re engaging a number of brain mechanisms that release certain hormones that are anything but helpful to us in our current cultural and historical situation.

They are the hormones that are connected with fear and with anger and they not only damage, for example, your arteries and the heart — bringing the possibility of hypertension — they also damage receptors that are on the surface of cells — nerve cells, neurons — in this region in particular.

(…)

The brain, the source of our memory, our mind, our behavior, and what we consider our self, is nonetheless an organ system that exists within the body. Because we pay so much attention to the brain and the mind, we start talking about brain and mind and behavior as if they were disembodied — as if they existed on some kind of vat and not inside the body. But from the point of view of evolution and biology, we have brains because we have bodies that the brains need to maintain.

(…)

The social structure in which the individual is inserted depends on the life of others. There is no such thing as leading an independent, individual life. From the get-go, we are born and are dependent on our parents. We clearly cannot walk out and run our lives, go to school and get to the university. It’s perfectly obvious that dependence is a state for human beings. They depend throughout life on others.

Spinoza was a major philosopher of the 17th century who I believe was one of the great forerunners of modern thinking in biology. The man could not know anything about the brain. Yet in the 1650s he was honing in on ideas that we now find perfectly sensible in terms of our modern understanding of life and of the brain in particular. He clearly identified, as a source of happiness and more importantly as a source of moral systems, the fact that you cannot be happy by yourself if you do not contribute to the happiness of others.

Here’s a man who was writing all this between Amsterdam and the Hague in the 17th century, and he has very interesting philosophies that were not at all connected with the Christian and Jewish roots that were his education. It is much more connected to other parts of the world where such thinking is more accepted. He had an interesting spiritual view of the world in which there was a God that was nature. He actually talked about God or nature as if they were virtually interchangeable.

How one leads one’s life, and the lives of others that surround one, can influence many diseases of the brain, all the way from stroke to Alzheimer’s disease.

I also wanted to say something specifically about emotions and feelings. Emotions and feelings are two different things.  Emotions turn out to be programs in our brain that we inherited through evolution that are devoted to the management of our life. They’re devoted to a process that is known as “homeostasis.”

Emotions are action programs. When you have fear, your face becomes startled, your body posture changes, your heart races, your gut contracts, your pulse races as well, your respiration changes and on and on. All of that is an action program that exists not just in our brain, but in the brains of many other species. Some of these programs go all the way down to invertebrates, to little creatures like a snail that do not even have a skeleton.

These programs achieve something very important. For example, fear allows you to take action, even without thinking, so that you can remove yourself from harm’s way. There are emotion programs that are negative on the surface, such as fear or anger, but that nonetheless are very positive in the outcome that they produced for us. Probably fear has saved more lives than any other emotion.

(…)

The very important thing to remember is that feelings are not those action programs. Feelings are what you perceive in your mind as a result of being in a state of emotion. Although in everyday language, we confuse one with the other, it’s important — and you have no idea how important this is for research strategy — it’s important to distinguish between an action program that does not even need to be conscious, that animals as have, from feelings. Feelings are conscious and feed this enormously beautiful edifice that we call culture.

(…)

The important thing for you to remember is that emotions are biological processes that are fundamentally about governing life, and administer either punishment or reward. If you’re happy, if you’re leading a great life, then you are administering rewards to yourself.”